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esta postagem trago um pouco de polêmica. Menciono os aspectos que quase nunca falamos quando se trata de realizar um intercâmbio acadêmico de muitos anos. Será que a experiência de fazer o doutorado no exterior valeu mesmo a pena? Minha resposta é SIM, valeu a pena! Entretanto, esse sim não é totalmente positivo. Estudar em um país estrangeiro tem seu preço e pode ser uma experiência muito difícil no doutorado, pois essa é uma etapa de formação isolada e de grandes desafios.
esta postagem trago um pouco de polêmica. Menciono os aspectos que quase nunca falamos quando se trata de realizar um intercâmbio acadêmico de muitos anos. Será que a experiência de fazer o doutorado no exterior valeu mesmo a pena? Minha resposta é SIM, valeu a pena! Entretanto, esse sim não é totalmente positivo. Estudar em um país estrangeiro tem seu preço e pode ser uma experiência muito difícil no doutorado, pois essa é uma etapa de formação isolada e de grandes desafios.
Os primeiros meses são puro glamour: conhecer lugares diferentes, fazer novos amigos, visitar monumentos, estar em locais que antes só víamos em fotos, praticar o idioma que aprendemos na escola. É um momento de enorme felicidade, ainda mais depois de tanta burocracia para legalizar os documentos e ser admitido; chegar onde chegamos é uma grande recompensa. Maaas... como diz o ditado "no começo tudo são flores".
Com o passar do tempo, começamos a viver a rotina do lugar e tudo ganha um novo sentido, pois há muita diferença entre visitar um país e viver nele. O processo de adaptação à cultura exige de nós muita observação e persistência. Exemplifico em uma situação simples: eu costumo falar em um tom médio e confesso que sou um pouco tímida. Quando cheguei à Salamanca, não dominava a língua espanhola e junto com minha maneira de falar, percebia que os atendentes dos bares e restaurante demonstravam impaciência e uns até me pareciam "grosseiros". Foram muitas as vezes que me senti desconcertada. Com o tempo, comecei a observar os espanhóis entre eles, conversando, atendendo e gesticulando. Então, vi que ante qualquer coisa, havia um elemento cultural. É normal, em muitas partes da Espanha, utilizar frases diretas e um tom de voz forte. Assim, estar em um novo país significa interagir com os códigos de condutas que existem no lugar. Esse é um processo de aprendizagem constante. É quando nos conhecemos mais, olhando para o outro.
Com o passar do tempo, começamos a viver a rotina do lugar e tudo ganha um novo sentido, pois há muita diferença entre visitar um país e viver nele. O processo de adaptação à cultura exige de nós muita observação e persistência. Exemplifico em uma situação simples: eu costumo falar em um tom médio e confesso que sou um pouco tímida. Quando cheguei à Salamanca, não dominava a língua espanhola e junto com minha maneira de falar, percebia que os atendentes dos bares e restaurante demonstravam impaciência e uns até me pareciam "grosseiros". Foram muitas as vezes que me senti desconcertada. Com o tempo, comecei a observar os espanhóis entre eles, conversando, atendendo e gesticulando. Então, vi que ante qualquer coisa, havia um elemento cultural. É normal, em muitas partes da Espanha, utilizar frases diretas e um tom de voz forte. Assim, estar em um novo país significa interagir com os códigos de condutas que existem no lugar. Esse é um processo de aprendizagem constante. É quando nos conhecemos mais, olhando para o outro.
Ainda, os rankings, a publicidade e o discurso comparativo fazem, muitas vezes, termos altas expectativas sobre as instituições estrangeiras. Podemos, inclusive, cair na ilusão de pensar que o fato apenas da universidade se localizar em um determinado lugar do mapa, automaticamente, ela tem maior valor em termos de aprendizagem. Eu digo que é ilusão porque a qualidade da universidade depende de diversos fatores e não apenas de questões geográficas. As universidades estrangeiras têm suas qualidades, mas também devem ser criticadas no que precisam avançar, especialmente, em aspectos que se referem à inclusão e à permanência dos estudantes locais e de outros países. A experiência no exterior também me serviu para refletir sobre esses dois lados das universidades brasileiras e apreciar sua qualidade tanto no âmbito do ensino como da pesquisa. Além de tudo, somos um dos poucos países onde a universidade é pública e gratuita. Essa é uma conquista que, jamais, podemos perder.
Por último, uma das desvantagens de realizar o doutorado no exterior é a solidão e os momentos longe da família. Eu, por exemplo, vi meu sobrinho com três meses e hoje ele está com três anos. Perdemos etapas que não são possíveis recuperar. As datas comemorativas - festas de fim de ano, aniversários, carnaval - e aqueles dias mais tristes são os momentos que mais sentimos falta das pessoas que amamos. Creio que para alguns esse é o elemento que mais pesa na hora de decidir estudar fora. Maaaas, com as redes sociais é possível diminuir a saudade e essa é a hora de adquirir mais independência dos laços familiares. Vejo esse distanciamento também como algo positivo.
Se você veio sozinho e vive em um "lugar de passagem" como é Salamanca, tem que aprender a viver só, pois nesta cidade, até os habitantes locais costumam emigrar. Quando acaba o curso, muitos vão buscar oportunidades de trabalho em outras regiões. Por outro lado, em Salamanca é possível fazer amigos de diferentes partes do mundo. Assim, você já tem mais uma desculpa para viajar da próxima vez: visitar os amigos que encontrou na Espanha.
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